Não foi a viagem de barco…

Eu não sou especialista em comportamento humano. Eu não sou psicóloga, muito menos sei como Freud explica.
“The Boat Gate”, que teimam em justificar ou tentar atribuir o insucesso dos Giants contra os Packers naquele domingo, é só uma desculpa esfarrapada, provavelmente de torcedores dos Giants que preferem se iludir a analisar os fatos, mas também de torcedores de outras franquias que “não passearam de barco em seu tempo livre”, entre outros comentários. Tenho certeza que jogador nenhum, de time nenhum, passou o ano novo num quarto trancado longe de festejos. Muitos provavelmente viajaram, nem todos com o Justin Bieber, é verdade. Mas mesmo que não fosse bye-Week, o foco dos jogadores não eram seus treinos, não naquele momento. E nem por isso o fato de tirar o foco um pouco é prejudicial, pelo contrário.
Lembramos o contrassenso de quem acha que bye-week é válido pelo descanso, mas que uma viagem de fim de ano, onde todos paralisaram suas atividades, é prejudicial. Sou advogada. Eu trabalho com fatos. Com provas. De suposições e de achismos estamos fartos. Então vamos aos fatos.
Os Giants tiveram 44 drops na temporada regular, de acordo com o @NFLResearch, só perdendo em números totais para os Raiders, que tiver 47. É muito fácil apontar os dedos para Odell Beckham Jr., Victor Cruz, Sterling Shepard e Roger Lewis Jr, os 4 recebedores fotografados com Justin Bieber, em um barco particular em Miami, em seu dia de folga. Esses 4 cidadãos combinaram 11 recepções de 31 passes tentados e 121 jardas e nenhum TD e também combinaram 4 drops – 3 de Odell, 1 de Shepard e 2 das ocasiões eram potenciais TDs que com certeza teriam mudado o rumo do jogo ou ao menos tornado as coisas para Green Bay muito mais complicadas.
Ok. Você pode culpar os meninos por não estarem vestidos apropriadamente para aquilo, por estarem em companhia de um jovenzinho conturbado. Pode culpar pelo estilo de música que provavelmente ouviram, mas não esperem que eu me alinhe ao pensamento que os condena pela viagem no dia de folga como se ela tivesse sido o fator determinante para a derrota ou fosse o mais condenável dos atos. Não é.
Odell teve 3 drops no jogo. O Pro Football Focus lista 8 drops de Odell na temporada regular e 3 do domingo, sendo, portanto, um total de 11 drops para OBJ, que teve seu primeiro jogo de playoffs em 3 anos de Giants. Pode culpar o Boat Gate aí se quiser, mas fato é que dropar passes foi um problema que Odell enfrentou durante o tempo inteiro, especialmente quando bastante exigido. Novamente, não sou psicóloga, mas me parece mais lógico que aquele que está sempre sob o microscópio, com todos à espreita de qualquer erro para caírem em cima, se desestabilizou pela magnitude do jogo, não por outro fator. Jerry Reese que o diga, já que na segunda-feira após a derrota, antes de liberar os jogadores para a offseason, disse “ele precisa crescer. Vamos ajudar com isso, mas ele precisa fazer a parte dele”.
Se for para apontar dedos, apontemos para o despreparo psicológico dos recebedores e de muitos outros jogadores do time que tiveram sua primeira partida de playoff na carreira. Ou até mesmo a temporada de altos e baixos de Eli, pois ao não conseguir conectar sua forma de jogar, ele mesmo se desestabilizou. Apontemos o dedo para Ben McAdoo, com decisões de jogadas estranhas, como, por exemplo, colocar Bobby Rainey para converter uma terceira curta ao invés de Rashad Jennings. Isso é falha de escolha, além de ser falha de execução. Bobby Rainey errou. Paul Perkins errou. Landon Collins, que fez uma baita temporada, errou. E nenhum desses estava no barco, não é mesmo?
Eu entendo que seja mais fácil optar por essa via de distração para justificar ou tirar sarro de um time que estava desde 2011 sem ir aos playoffs. Só fico na dúvida se isso é má-fé de quem faz, ignorância por opção, ou ambos.

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