Polêmicas envolvendo os protestos durante o hino americano na NFL

Para quem acompanhou a última temporada da NFL (2016-2017) presenciou uma iniciativa do Colin Kaepernick, ora QB dos 49ers na época, quando se ajoelhou diante da execução do hino nacional norte americano. Tratava-se de um protesto que tinha como objetivo combater a disigualdade racial nos EUA.
Hoje ainda há manifestações dessa natureza nos jogos da NFL e tem gerado muitas discussões sobre o assunto. Inclusive se intensificou nos últimos dias depois de declarações da própria NFL, do Presidente Donald Trump e jogadores.
Aqui neste artigo iremos fazer um breve apanhado desde quando iniciou esses protestos até o dia de hoje, considerando as discussões e opiniões que tem ocorrido.
BREVE HISTÓRICO DOS PROTESTOS E OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO JOGADORES
Primeiramente vale esclarecer que para os americanos, o hino e a bandeira nacionais são um símbolo forte de patriotismo, sendo ouvido de pé, em sinal de respeito à pátria e pela história norte americana, bem como motivo de orgulho nacional.
Desde o início da temporada 2016-2017, Colin Kaepernick, quando era QB do 49ers (hoje sem contrato na NFL), se ajoelhou diante da execução do hino nacional norte americano em ativismo pela igualdade racial nos EUA. Kaepernick disse em uma ocasião em agosto de 2016: "Eu não vou defender o orgulho de uma bandeira para um país que oprime pessoas negras e pessoas de cor".
Desde então, alguns jogadores aderiram seu manifesto, inclusive ainda nesta temporada, mesmo sem a presença de Kaepernick na Liga. Há também os jogadores que não apoiam tal manifesto. A sociedade como um todo tem divergido quanto a isso, tendo alguns que apoiam e outros não, gerando muitos debates nas redes sociais. Há quem diga, inclusive, que Kaepernick não recebeu uma chance de contratação em outro time, devido a esse comportamento. Enquanto outros negam, inclusivedirigentes das franquias com vaga aberta para QB, alegando que se trata do salário alto que o jogador estava exigindo nas negociações e também pelo seu baixo rendimento nas últimas temporadas.
Outro episódio que gerou muita discussão envolvendo um jogador da NFL foi o ocorrido em agosto de 2017, em que o DE do Seattle Seahawkes, Michael Bennett (foto), relatou ter

sido abordado e algemado, com uma arma apontada para sua cabeçaça, sem justa causa, por policiais em Las Vegas. M. Bennett é um dos jogadores em ativa atualmente nos protestos realizados durante o hino. "Não consigo defender o hino nacional", disse Bennett. "Não posso aguentar agora. Não vou ficar parado até ver a igualdade e a liberdade".
Há também relatos de jogadores negros do Los Angeles Chargers terem encontrado dificuldades para alugar residência na cidade, alegando estarem sofrendo discriminação racial.
Outro destaque dos protestos é o safety do Philadelphia Eagles, Malcolm Jenkins, o qual levantou seu punho sobre a cabeça durante a execução do hino na semana 2 da última temporada e tornou-se um membro-chave no movimento dentro e fora do campo.

Jenkins tem conquistado a adesão de muitos jogadores da franquia, o que começou a chamar mais atenção de Jeffrey Lurie, dono dos Eagles. Lurie procurou o jogador e conversaram sobre os protestos e se pronunciou: "Eu não acho que alguém que esteja protestando contra o hino nacional, em si, é muito respeitoso", disse Lurie. "Se essa é toda a sua plataforma, protestar contra o hino nacional, então qual é a natureza proativa disso? Mas eu acho que às vezes podemos interpretar mal. Eu conversei com Malcolm Jenkins sobre isso. Ele está muito envolvido em nossa comunidade aqui. Esse é o meu envolvimento com Malcolm: ‘O que você pode fazer como jogador para se envolver na comunidade?’."
No dia 21/set/2017, o comissário da NFL, Roger Goodell e Jeffrey Lurie, conversaram com alguns jogadores da franquia para compreender melhor as razões de seus protestos e o sistema criminal de Philadelphia. Se reuniram também nessa conversa o comissário da polícia e ativistas locais. Diante dessa conversa, Goodell e Lurie falaram sobre a necessidade de uma melhor abordagem para resolver alguns problemas. "Nós temos que ver o que foi bem sucedido em certas áreas e modelar esse elemento. Isso é o que está faltando para mim", disse Goodell.
Jenkins agradeceu a Goodell e Lurie por terem aceitado ouvir e compreender as necessidades pelas quais estão reivindicando, não só como jogadores, mas como líderes de um movimento que abrange toda comunidade da Philadelphia que querem o mesmo que eles. "Isso significou muito", disse Jenkins.
PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DONALD TRUMP

Em um discurso proferidos na noite dessa última sexta em Huntsville, Alabama, o Presidente Trump fez críticas à NFL com relação aos protestos ocorridos durante a execução do hino nacional norte americano no pré jogo e sobre as inúmeras penalidades.
Trump faz uma menção sobre como se sentem sobre o hino e a bandeira, que é uma marca do patriotismo americano: "Somos orgulhosos do nosso país e somos orgulhosos da nossa bandeira".
Segundo Trump, ele questiona o público: "Você não gostaria de ver um desses proprietários da NFL, quando alguém desrespeitar a nossa bandeira, dizer: ‘Caia fora do campo agora seu filho da (piiiii). Saia. Ele está demitido! Ele está demitido!’ ". "Alguns proprietários farão isso".
Trump ainda acrescentou: "Por uma semana, (esse proprietário) seria a pessoa mais popular neste país. Por isso, é um desrespeito total à nossa herança. Isso é um desrespeito total por tudo o que defendemos".
Em uma de suas falas, Trump sugere que as pessoas deixem os estádios quando protestos como esses acontecerem, pois assim a Liga e os proprietários das franquias sentiriam: "A única coisa que você poderia fazer melhor é se você ver isso, mesmo que seja apenas um jogador, deixe o estádio. Garanto que as coisas vão parar. As coisas vão parar. Basta pegar e sair. Pegue e deixe. Não é o mesmo jogo de qualquer maneira."
Trump mencionou ainda que essas demonstrações de desrespeito ao hino e bandeira nacionais nos jogos de football são a principal razão por trás de um declínio na apreciação da NFL pelo público. Segundo a ESPN americana, as classificações da NFL caíram 8% em 2016 em comparação com 2015.
Trump ainda disse em seu discurso que o jogo está mais conflituoso, pois há muitas situações punitivas, com lances difíceis e incidentes recorrentes sendo penalizados com mais frequência.
Acrescentou dizendo que a esposa do árbitro de um jogo da semana passada deve ter ficado muito orgulhosa por seu marido ter aparecido muitas vezes na tv anunciando a penalidade de muitos tackles.
Aliás, vale lembrar que Trump, durante sua campanha à Presidência, já havia feito críticas sobre o que ele chamou de exageros de algumas regras na NFL.
Por fim, Trump concluiu dizendo que "Eles estão arruinando o jogo", referindo-se tanto aos protestos quantos às excessivas penalidades nas regras do jogo.
REAÇÕES NAS REDES SOCIAIS APÓS O PRONUNCIAMENTO DE TRUMP
As redes sociais bombaram com reações ao pronunciamento do Presidente Trump. Tanto Goodell, quanto a NFLPA e jogadores se pronunciaram, além de toda comunidade que acompanha football.
Goodell emitiu uma nota dizendo: "A NFL e os nossos jogadores estão no nosso melhor quando ajudamos a criar um senso de unidade no nosso país e na nossa cultura. Não há melhor exemplo do que a resposta surpreendente de nossos clubes e jogadores para os terríveis desastres naturais que experimentamos no último mês. Os comentários contrários como estes demonstram uma infeliz falta de respeito pela NFL, nosso ótimo jogo e todos os nossos jogadores e uma incapacidade de entender a força irresistível para o bem que nossos clubes e jogadores representam em nossas comunidades."
A NFLPA divulgou a seguinte nota: "Independentemente de Roger e os proprietários falarem por si mesmos sobre seus pontos de vista sobre os direitos dos jogadores e seu compromisso com a segurança do jogador permanecerá sendo visto. Esta união, no entanto, nunca vai recuar quando se trata de proteger os direitos constitucionais de nossos jogadores como cidadãos, bem como sua segurança como homens que competem em um jogo que os expõe a grandes riscos."
Além disso, alguns jogadores, proprietários de franquias e técnicos também se pronunciaram nas redes sociais após pronunciamento do Presidente Trump.
Certamente esse assunto é polêmico e delicado, bem como ainda virão muitas discussões e ocorrências sobre isso.

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