Reportagem Especial Outubro Rosa — Mulheres na NFL — Parte 2

Dando continuidade a nossa série de reportagens sobre as mulheres que fizeram a diferença na NFL, hoje vamos falar de Connie Carberg e Amy Trask. Connie foi a primeira mulher a trabalhar como olheira da NFL pelos Jets, e Amy como CEO do Oakland Raiders.
CONNIE CARBERG

Carberg cresceu cercada pelos Jets, com seu pai e tio que eram médicos do time, e morava a 2 minutos de onde os Jets treinavam. Ela praticava esportes e falava sobre futebol o tempo todo, pois sempre foi assim em sua casa: “Eu achava que todas as garotas eram assim”, Carberg disse.
Os Jets contrataram Connie Carberg em 1974, para ser uma secretária. Rapidamente ela se tornou a favorita dos colegas de trabalho, times e fãs. Ela fazia tortas para o pessoal do escritório e técnicos, e sempre ia nos vestiários chamar os jogadores quando os torcedores ligavam para falar com seus favoritos. Ela entrava no vestiário e falava: “Garota de volta” (Girl Back em inglês) e esse acabou sendo seu apelido.

A medida que o time cresceu, seu conhecimento a levou a fazer parte do time de olheiros dos Jets. Ela se tornou a primeira olheira do sexo feminino na história da liga em 1975. Apenas quatro anos depois, ela foi convidada para encontrar um substituto para um jogador lesionado no Senior Bowl. Carberg vasculhou os filmes de jogos e encontrou um, seu nome era Mark Gastineau. Anos mais tarde, quando Gastineau foi introduzido no Ring of Honor dos Jets, ele convidou Carberg para a premiação.

Ser olheiro naquela época não era uma tarefa fácil, não existiam computadores e nenhum meio que automatizasse e facilitasse as análises e seleções.“Não tínhamos computadores em 1981, não tínhamos nem fitas de VHS, tínhamos apenas bobinas de filmes, e as escolas nos enviavam. Se você quisesse assistir um vídeo no escritório, a faculdade lhe enviava o filme e você tinha que devolver”.
Não haviam tantos especialistas de drafts nos anos 80, apenas um grupo de pessoas de cada time. Carberg diz que nunca teve um único problema com um treinador ou jogador. Ela viajou com a equipe com muita frequência. Mas quando Leon Hess tornou-se o único dono da equipe, as viagens foram interrompidas, pois Hess não queria uma mulher viajando com eles.
Ela tinha tanto conhecimento de futebol que poderia ter trabalho com os Dolphins quando se mudou para a Flórida com seu marido, mas segundo ela, sua lealdade com os Jets era mais forte, e jamais poderia trabalhar para os Dolphins.
AMY TRASK

Para Amy Trask, o fato de ser mulher na liga não foi tão complicado, afinal ela foi contratada pelo falecido Al Davis (proprietário principal e gerente geral do Oakland Raiders de 1972 a 2011, época em que os Raiders foram um dos times mais vitoriosos), como CEO da franquia.
Em se tratando de questões de raça e gênero, Davis era o proprietário mais progressista na história do esporte, sendo responsável pela contratação dos primeiros treinadores latinos e afro-americano, e pela primeira executiva mulher da equipe, Trask.
"Eu trabalhei para um homem que me contratou sem distinção de raça, etnia, religião, sexo e outras características, que são totalmente irrelevantes para saber se é possível ser competente", diz Trask. "Ele me deu uma oportunidade, e eu fiz o melhor que pude com ela. Tudo começou com seu reconhecimento de que meu sexo era irrelevante."
Amy passou 26 anos nos Raiders, e recentemente lançou um livro contando sua experiência: "You Negotiate like a Girl: Reflections on a Career in the NFL" (Você negocia como uma garota: Reflexões de uma carreira na NFL – em português).

Começou como estagiária em 1983, e conseguiu esse trabalho através de uma ligação que fez para o escritório dos Raiders dizendo que trabalharia de graça.
No seu livro, ela conta sobre a primeira vez que ela foi na reunião dos donos das franquias. Um deles, não sabendo que ela representava os Raiders, pediu a Trask que buscasse um café para ele. Quando ela olhou em volta, percebeu que era a única mulher no recinto.
"Se eu quero participar de uma reunião de negócios, uma reunião de donos de times de futebol, e eu não quero que meu gênero seja um problema, então automaticamente eu acabo pensando nisso. E por qual motivo eu gastaria meu tempo pensando sobre o meu gênero, ou se outros estariam preocupados com meu gênero? Se eles quiserem gastar o tempo deles com isso, ok, que gastem, pois eu não iria".
Apesar desse incidente, Trask comenta que nunca sofreu qualquer tipo de discriminação por parte de qualquer jogador do time ou da liga, todos tinham completa consciência e confiança em seu trabalho.

Durante uma reunião com Al Davis e outros membros executivos dos Raiders, Davis comentou sobre não falar palavrões na frente de mulheres, mas explicou que ele falava na frente de Trask pois não a considerava uma mulher.
Em seu livro, Trask é clara no conselho que dá a jovens mulheres que buscam crescer em sua carreira:
"Faça o seu trabalho. Se esforce. Se esforce muito, muito mesmo. Trabalhe o máximo que você puder, e então, trabalhe mais ainda. E a propósito, pare de pensar no fato de que você é uma mulher!".
Hoje Trask trabalha como analista para CBS Sports e CBS Sports Network, aparecendo com regularidade nos programas That Other Pregame Show and periodically e NFL Today.

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