Por Paula Ivoglo
Cairo Santos, o brasileiro kicker do Tampa Bay Buccaneers da NFL, está no Brasil essa semana participando de vários eventos e ontem (terça, 16), tive a oportunidade de bater um papo rápido com ele, antes de atender os fãs de NFL, no TGI Fridays do Shopping Center Norte.
Depois de perder quase toda a pré-temporada de 2017 devido a uma lesão, e reagravá-la durante a temporada, o jogador foi dispensado pelos Chiefs, onde foi contratado como undrafted free agent em 2014. Depois teve passagens rápidas pelo Chicago Bears, Los Angeles Rams e New York Jets, até assinar com o Tampa Bay Buccaneers em 2018 e renovar seu contrato para esse ano.
Cairo contou que foi uma fase bem difícil de sua vida, pois demorou para conseguir se sentir 100%, e tinha receio que os times não confiassem mais que ele poderia voltar bem, afinal passou por 3 equipes diferentes nesse período. Mas ao mesmo tempo, disse que foi uma fase bem importante para aprender a treinar, fazer menos com mais qualidade, da maneira correta, sem sobrecarregar a musculatura ou a própria virilha, que é tão importante para a função de kicker: “Eu achava que era jovem, nunca tinha tido uma lesão tão seria assim, achava que era invencível, que podia treinar treinar, treinar, e chegou uma hora que esse músculo foi tão exigido que não aguentou o desgaste”, conta.
Hoje, já 100%, treina com uma das mulheres contratadas pelos Bucs nessa temporada, Maral Javadifar, ou MJ como prefere ser chamada. MJ é assistente de condicionamento físico e força na equipe, e é a responsável direta pelos kickers e segundo Cairo, tem feito toda a diferença na preparação do atleta que foi só elogios para a treinadora, a qual tem muito conhecimento na área, e por vezes parece ser até melhor atleta que eles: “A gente até brinca, ela passa um exercício que é difícil pra gente, e ela faz com a maior facilidade. Pô MJ, você é uma melhor atleta que nós”, conta rindo que toma até bronca quando necessário, e há um respeito mútuo entre ela e os jogadores.
Para Cairo, o mais importante da contratação de MJ é que não se trata de uma jogada de marketing da equipe, e sim que o conhecimento, capacidade, cuidado e atenção que a treinadora tem, são realmente os diferenciais da profissional, que tem sido de extrema importância nessa fase em que o kicker procura treinar com mais qualidade.
Cairo também não acha impossível que tenhamos uma kicker mulher na liga um dia, já que a função exige mais pontaria do que força, e já vimos várias mulheres no college. Assim como nós, ele torce para que isso aconteça, pois acha extremamente importante o crescimento da representatividade feminina no futebol americano.
Questionado sobre o novo técnico, Bruce Arians, se já é possível notar alguma diferença na metodologia a ser aplicada ou se ainda é muito cedo, pois os training camps nem começaram, Cairo diz que é nítida a diferença. Logo no primeiro dia, Arians deixou claro que não há nenhum titular garantido, em todas as posições, inclusive para o quarterback Jameis Winston: “Isso aumenta o nível de competição, produtividade, de ter um elenco mais com fome para ganhar, produzir. Tem sido bem diferente do que eu sinto que foi ano passado. O foco de todo mundo é de fazer o melhor e conseguir a vaga, ser uma equipe do potencial que a gente tem, para melhorar o que foi ano passado”, conta.
Sobre o Duzão, Cairo diz que não chegou a ter contato direto com atleta durante o processo de seleção na NFL, mas que conversaram pelas redes sociais, e estão animados para o treino conjunto que terão nessa pré-temporada (Tampa enfrenta os Dolphins dia 16/08 às 20h30, em Miami): “Estou animado de ver que ele chegou pelo caminho menos comum, partindo do Brasil. Isso é muito importante e especial pra quem pratica o esporte, poder sonhar dessa maneira. Torço para termos dois brasileiros na liga.”
Depois desse bate-papo, Cairo atendeu as dezenas de fãs da NFL que o aguardavam ansiosamente no restaurante, onde atendeu à todos com muita atenção e simpatia.
Vídeo dos fãs que foram ver o Cairo, por Lucas Bonini. @lucasbonini @bonizone