Desde o final do ano passado vieram à público graves denúncias de assédio sexual contra poderosos da indústria cinematográfica de Hollywood, entre eles denúncias contra o produtor Harvey Weinstein e o ator Kevin Spacey.
Grandes atrizes se abriram para falar sobre os diversos problemas de discriminação e os casos de violência sexual no cinema e na TV, e, foi assim que o movimento Times Up veio à tona. O movimento em si foi criado pela norte-americana Tanara Burke em 2007, visando apoiar vítimas de abuso sexual, agressão e assédio e ganhou a adesão das estrelas de Hollywood em uma iniciativa concreta para combater tais casos. Foi dentro dele que surgiu a ideia do protesto do último Globo de Ouro, quando as mulheres foram vestidas de preto e muitos homens usaram broches apoiando o movimento.
Depois do cinema, o movimento se alastrou para diversas outras áreas e chegou na NFL há dois meses quando líderes de torcida começaram a realizar denúncias de abuso como assédio sexual, discriminação racial, gordofobia e até agressões físicas.
Com a ajuda da advogada Gloria Allred, 5 líderes de torcida do Houston Texans entraram com ações judiciais contra a equipe, alegando um ambiente de trabalho hostil e pagamentos injustos. Segundo Allred, as cheerleaders foram ameaçadas de demissão caso se manifestassem mas decidiram seguir adiante com as denúncias.
Uma outra advogada, Sara Blackwell, que defende outras 3 líderes de torcida, iniciou ações contra a própria NFL, a qual se manifestou dizendo que as cheerleaders não podem processar a liga pois elas são contratadas por equipes individuais. Blackwell discorda, pois todos os funcionários da equipe estão sujeitos ao código de conduta da NFL.
Apesar de entrarem nessa briga, as advogadas dizem que não querem simplesmente processar as equipes ou a NFL, o que elas desejam é trabalhar em conjunto com a liga para propor mudanças que melhorem o ambiente de trabalho das cheerleaders em relação à discriminação de gênero, protegendo as garotas. Dentre as principais mudanças propostas estão:
1. Reforçar as regras relativas ao assédio nos manuais de trabalho das equipes.
2. Pagar adequadamente as mulheres por jogos, práticas e aparências (Blackwell diz que uma líder de torcida ganha cerca de US $ 1.500 por uma temporada inteira, mas que se essa líder perdesse ou danificasse seu uniforme, ela deveria à equipe US $ 1.200).
3. Contratar agentes terceirizados que garantam que, caso as líderes de torcida tenham problemas, que elas tenham quem procurar sem receios de retaliação.
Blackwell disse que a NFL esteve em contato para falar sobre as mudanças propostas, e que a liga foi receptiva aos pedidos, no entanto, ela também ouviu rumores de que as equipes estão mudando discretamente suas regras para dar maior apoio às mulheres, mas que isso está sendo feito propositalmente em segredo para evitar maiores alardes na mídia.
Uma coisa é certa: independente de como ou quando essas mudanças efetivamente irão acontecer, o importante é perceber que a cultura do silêncio está acabando – “Times Up” girls!!!
Por Fernanda C C Morais